Construir a paz nas mentes dos homens e das mulheres

Fórum de Ideas

Uma plataforma de reflexão sobre o futuro de África com foco na disseminação  de boas práticas e soluções de prevenção e mitigação de conflitos

O Fórum de Ideias foi estruturado em torno do tema principal "Construir e perpetuar a paz em África: um movimento de multi-actores"  e estava dividido em várias sessões onde os seguintes tópicos foram abordados sucessivamente:

 

1. Prevenção da violência e resolução de conflitos através da Educação e Cultura

Moderador: Sr George Papagiannis, Chefe da Secção de Relações com a Imprensa - UNESCO

Painelistas:

  • Sra Mbaranga Gasarabwe, Représentante spéciale adjointe de la Mission multidimensionnelle intégrée des Nations Unies pour la stabilisation au Mali (MINUSMA), Coordonnatrice résidente des Nations Unies, Coordonnatrice des affaires humanitaires et Représentante résidente du Programme des Nations Unies pour le développement (PNUD);

  • Sra Safira Mahanjane, Directrice du Département d’alphabétisation du Ministère de l’éducation et du développement humain, (Mozambique) ;

  • Sr Hassan Choueikh, Directeur de la formation professionnelle au Ministère du Tourisme, des Transports aériens et de l'Économie sociale, (Maroc) ;

  • Sr Antonio Tsilefa, Président du Comité de coordination du Groupe régional des institutions de formation technique et professionnelle, (Madagascar) ;

  • Sr Filipe Zau, Doyen de l’Université indépendante d’Angola.

A maioria dos actuais surtos de violência e de conflitos no continente africano surgem dentro dos prórios países, sendo cada vez menos o resultado de confrontos entre países. Neste novo mapa das violências e do conflictos, esta sessão temática expõe como a UNESCO, no contexto de suas prioridades globais, apoia os países nos seus esforços para fornecer aos actores locais o conhecimento, as habilidades, os comportamentos e valores que impulsionam a resiliência necessária para viver e trabalhar juntos. Esta sessão se concentrou nos esforços empreendidos para enfrentar os desafios contemporâneos, incluindo os conflitos comunitários, a crise migratória e o combate ao fundamentalismo religioso, entre outras questões importantes. Como tal, a sessão concentrou-se em demonstrar nos seguintes ângulos:

  • Educar uma geração de jovens africanos como agentes da paz, estabilidade e desenvolvimento;
  • Beneficiar do poder da Criatividade e do Património Cultural (nas suas múltiplas facetas) para construir uma paz sustentável no continente africano.

 

 

2. Prevenção de Conflitos em torno dos recursos naturais

Moderador: Sr Jean-Pierre Ilboudou, Chefe do Escritório da UNESCO em Kinshasa e Representante para República Democrática do Congo e Chefe interino do Escritorio de Brazzaville

Painelistas: 

A gestão dos recursos naturais e a prevenção da sua supra-exploração tem sido difícil, principlamente, quando existe um livre acesso a esses recursos. Isso por si própio, promove a concorrência e conduz frequentemente a uma situação de devastação dos bens comuns. Por outro lado contacta-se também um aumento exponencial da procura de recursos naturais.

Especificamente, a sessão destacou, através do Programa Homem e Biosfera da UNESCO e da Convenção do Património Mundial, os desafios e oportunidades relacionados com a cooperação transfronteiriça para a integração regional e para reforçar a sinergia entre a conservação e o desenvolvimento. A sessão constituiu també, uma oportunidade presenciar um intercâmbio entre parceiros chave na área política (União Africana); financeira (Banco Africano de Desenvolvimento); académica (Universidade de Niamey), assim como trazer perspectivas de gestores de reservas de conservação (OIPR, Costa do Marfim), das agências da ONU (Gabinete do Enviado Especial para a Região dos Grandes Lagos) e parceiros nacionais (Angola).

 

 

3. Não deixar ninguém para trás: promover a integração de refugiados, retornados, deslocados e migrantes em África

Moderador: Sra Marèma Touré-Thiam, Chefe do Setor de Ciências Humanas e Sociais do Escritório da UNESCO em Dakar (Senegal)

Painelistas:

  • Sr Ahmed Skim, Director dos Assuntos de Migração, Delegado do Ministério, no Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional, a cargo dos Marroquinos Residentes no Estrangeiro e Assuntos Migratórios (Marrocos) ; 
  • S.E. Sra Rebecca Otengo, Embaixadora da República do Uganda e Presidente do Subcomité para os Refugiados, Deslocados Internos e Repatriados ; 
  • S.E. Sr Jean Léon Nganda, Embaixador da República Democrática do Congo na Etiópia ;
  • Sra Santa Ernesto, Directora do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (Angola) ;

Estima-se que em todo o mundo, 68 milhões de pessoas são deslocadas por força e mais de um terço dessas pessoas encontram-se no continente africano, incluindo 6,3 milhões de refugiados e requerentes de asilo, e 14,5 milhões de pessoas deslocadas. Neste contexto, a União Africana declarou 2019 como o Ano dos Refugiados, Retornados e Deslocadas Internos: Soluções Duradouras para o Deslocamento Forçado em África. Nesse sentido, os líderes africanos reconheceram a necessidade de procurar respostas abrangentes e inclusivas às principais tendências migratórias e à sua dinâmica e desfios no continente. A escala da crise de deslocação é agravada pelos riscos de tráfico e violações dos direitos humanos, falta de assistência humanitária adequada, violência sexual e baseada no género, detenção de requerentes de asilo, deportação e xenofobia contra refugiados.

Esta sessão visou expôr as melhores práticas de alguns países no continente e focar nos desafios identificados pela União Africana sobre os temas específicos sobre retornados, refugiados, pessoas deslocadas internamente e migrantes.

 

 

 

4. África Global - Explorando a presença africana no mundo

Moderador: Sra Zeinab Badawi, jornalista da BBC e produtora da série sobre a História Geral de África

Painelistas:

  • Sr Augustin Holl, Presidente do Comité Científico Internacional para os novos volumes da História Geral da África ;

  • Sr José Chala Cruz, Secretário Executivo de Cooperação para o Desenvolvimento Afro-Equatoriano – (CODAE) (Equador) ;

  • Prof. Abdi Kusow, Professor do Departamento de Sociologia da Iowa State University (Estados Unidos da América) ;

  • Sr Jason Theede, Spécialiste principal en mobilité de la main-d'œuvre et développement humain, Organisation internationale pour les migrations (OIM) ;

  • Sr Ziva Domingos, Directeur national des musées et représentant de l’Angola au Comité du patrimoine mondial.

A África e as suas diásporas, , têm sido frequentemente apresentadas como grupos distintos, separados por oceanos que tiveram apenas contatos esporádicos durante breves momentos históricos. A UNESCO, em linha com a História Geral de África, procura desafiar esta perspectiva binária e simplista das relações entre a África e as suas diásporas, introduzindo o conceito de uma África global.

Este conceito permite compreender a história das relações entre africanos e afrodescendentes como um processo interligado e contínuo, incluindo a circulação de pessoas, conhecimentos, saberes e culturas tradicionais, cuja matriz é a herança africana.

A sessão destacou a influência africana no mundo e a diversidade das contribuições dos afrodescendentes para as sociedades modernas, e examinou o legado da escravatura e do colonialismo enfrentado pelos afrodescendentes e a sua capacidade de resistir na luta contra o preconceito, o racismo e a discriminação. Esta sessão temática incidiu também sobre a forma como a diáspora africana participa no desenvolvimento do continente e como ela é instrumental para contribuir para a cultura de paz.

 

 

 

5. Por uma mídia livre, independente e pluralista para promover a paz e o desenvolvimento em África

Moderador: Sra Georja Calvin-Smith, jornalista na France 24

Painelistas:

Os meios de comunicação social têm um papel crucial a desempenhar na promoção da paz e da justiça em todo o continente africano, como também na promoção do desenvolvimento sustentável. Um ambiente mediático dinâmico, livre, independente e pluralista assegura o acesso dos cidadãos à informação, promove o diálogo construtivo no que refere a conflitos e questões de género, incentiva a livre expressão de opiniões e promove uma maior participação política.

Com o advento das novas mídias, é necessário que África explore inovações tecnológicas para empoderar as pessoas através da alfabetização midiática e informacional, a fim de promover um clima de paz no continente. A este propósito, o combate ao discurso de ódio, a promoção da liberdade de expressão, a protecção da liberdade de imprensa e a garantia da segurança dos jornalistas são todos temas relevantes a serem explorados durante esta sessão.