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Grande Angular

O Chef Giuseppe anuncia uma nova era na culinária

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Karim Pichara, Matías Muchnick e Pablo Zamora, fundadorers da Not Company.

Giuseppe pode mudar radicalmente nossos hábitos alimentares, mas este chef de cozinha futurista é apenas um algoritmo! Ele foi criado pela Not Company (NotCo), uma empresa startup fundada em Santiago, em 2015, por três jovens chilenos. Com a ajuda de Inteligência Artificial (IA), eles produzem substitutos para alimentos populares de origem animal, utilizando apenas ingredientes de origem vegetal para reconstituir não apenas o sabor, mas também as cores, as texturas e os nutrientes. Por esta inovação, o algoritmo Giuseppe foi nomeado um dos dez premiados no  Netexplo Innovation 2018.

Beatriz Juez

Ele foi batizado em homenagem a Giuseppe Arcimboldo (1527-1593), um pintor italiano renascentista, famoso por seus retratos de rostos feitos de flores, frutas, plantas e animais. “Suas pinturas nos dizem que podemos resolver qualquer coisa com inteligência, talento e muitas frutas e vegetais”, explica o bioquímico Pablo Zamora, cofundador da NotCo, junto de Matías Muchnick e Karim Pichara.

A paixão do nosso Giuseppe não é a pintura, e sim a culinária. Para encontrar a receita certa, este chef inteligente pesquisa uma base de dados de plantas para identificar quais alimentos precisam ser combinados e em quais proporções, de modo que ele consiga reproduzir o sabor e a textura da comida que está sendo substituída. 

“Ele encontra ligações estranhas entre plantas que ele classifica previamente por âmbitos molecular, nutricional, sensorial e físico-químico”, explica Zamora, que compareceu ao Fórum Netexplo 2018, realizado em fevereiro na sede da UNESCO em Paris.

Por sorte, Giuseppe não está sozinho na cozinha, pois recebe ajuda de uma equipe de cientistas e chefs que aperfeiçoam as receitas. “Às vezes, ele comete alguns erros”, admite Zamora. “Ele pode produzir leite com um sabor perfeito, porém na cor rosa! Então a equipe diz a Giuseppe que há um problema, e ele reformula o algoritmo para fazê-lo da cor certa”.

O Giuseppe nunca deixa de surpreender com suas combinações de ingredientes, as quais nenhum humano seria capaz de inventar. “Para preparar maionese, utilizamos tremoços, uma mistura de alguns componentes de grão-de-bico que resulta em uma emulsão muito similar ao ovo. Os cogumelos são usados para acentuar a sensação de doçura no chocolate, e o alpiste para alterar a densidade de alguns tipos de leite”.  

A NotCo tem a missão de revolucionar a indústria alimentícia por meio da elaboração e da divulgação de comidas saudáveis e saborosas de origem vegetal, a um preço acessível, produzidas sem causar danos ao meio ambiente. De acordo com Zamora, 85% de seus clientes não são veganos ou vegetarianos – eles compram os produtos de ponta da NotCo porque gostam e porque são saudáveis e bons para o meio ambiente. É, de fato, o começo de uma nova era para os alimentos: a ideia é “mudar a maneira como fazemos os alimentos que amamos comer, e não mudar os alimentos que comemos”. 

Maionese vegetal

Já está no mercado chileno o condimento vegetal Not Mayo da empresa, que se parece com maionese, mas sem OGM, lactose, glúten, ovos ou soja. Outros produtos serão lançados em breve, como iogurte, leite, queijo, chocolate e cereais. A NotCo espera expandir seus produtos para a Argentina, o Brasil e a Colômbia no futuro próximo.

O bioquímico está convencido de que o uso de inteligência artificial para alimentos contribuirá para o desenvolvimento sustentável. A indústria alimentícia precisa transformar seus métodos de produção, disse, lembrando que 1.500 litros de água são necessários para produzir um quilo de trigo, e dez vezes esta quantia para produzir um quilo de carne, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Para mais informações, visite a Not Company