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Grande Angular

Liberdade de pensamento para crianças

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Desenho de Liao Wang (China), um menino de 6 anos.

Incentivar nas crianças ideias que não são reconhecidas como verdades incontestáveis pela maioria dos adultos instruídos, é impedir sua liberdade de pensamento, diz o bioquímico húngaro, Albert Szent-Györgyi (1893-1986), em sua resposta à pesquisa da UNESCO sobre os fundamentos filosóficos dos direitos humanos (UNESCO’s survey on the philosophical foundations of human rights), enviada em 4 de junho de 1947. Trecho a seguir.

Albert Szent-Györgyi

Na minha opinião, um sinal de respeito por uma liberdade absolutamente essencial é não criar em crianças, em uma idade em que elas estão indefesas, qualquer reflexo condicionado (psicológico ou de outra natureza) que elas seriam incapazes de apagar da memória.

O respeito por essa liberdade tem como corolário a proibição contra qualquer um que ensine às crianças qualquer coisa como uma verdade absoluta e inquestionável que não seja reconhecida como tal pela maioria dos adultos instruídos. Isso se aplica tanto à religião quanto à história. Por exemplo, se a maioria dos adultos instruídos não admitir que o mundo foi criado em sete dias, essa ideia que deve ser apagada dos livros didáticos destinados a crianças e apresentada apenas como a opinião de um grupo pequeno ou de uma tradição. É o mesmo para todos os assuntos religiosos (existência e número de deuses etc.).

No campo da história, se em um dado período um grupo nacional devastou outro país, e se a maioria dos adultos instruídos no mundo não concordar que a humanidade se beneficiou com essa invasão em particular, então não se deve ensinar as crianças a considerá-la como um ideal ou uma reivindicação à fama, pois isso incutiria nelas imperialismo, ódio e preconceitos nacionais.

Albert Szent-Györgyi

Médico e bioquímico húngaro, Albert Szent-Györgyi (1893-1986), vencedor do Prêmio Nobel de psicologia ou medicina, em 1937, por descobrir da Vitamina C