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Fórum da Juventude na China

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Hannah Getachew se levanta para fazer uma observação, 2019.

O 3° Fórum Internacional da Juventude sobre Criatividade e Patrimônio ao longo das Rotas da Seda foi realizado em Changsha e em Nanquim, de 31 de março a 6 de abril de 2019, com foco na criatividade e inovação dos jovens na era das artes midiáticas. Essa iniciativa conjunta da Comissão Nacional da China para a UNESCO e a Organização reuniu cerca de 100 jovens delegados de todos os continentes. Entre eles estava a etíope Hannah Getachew, que discute a importância deste Fórum – e em particular a relação entre os jovens africanos e chineses.

Entrevista por Chen Xiaorong

Na primavera passada, você participou do Fórum Internacional da Juventude sobre Criatividade e Patrimônio ao longo das Rotas da Seda (IYF) pelo segundo ano consecutivo. O que a fez decidir participar do evento pela terceira vez?

Desde que participei do Fórum de 2018, eu estava ansiosa para voltar ao próximo. O que torna este evento único é que os jovens de todo o mundo têm a oportunidade de se conectarem. A UNESCO e as cidades-sede de Changsha e Nanquim criaram o ambiente ideal para que possamos construir amizades duradouras uns com os outros e com os voluntários chineses.

Permita-me dar um exemplo de uma iniciativa que simboliza o espírito do Fórum. Uma mulher afro-americana que vive em Pequim, Rhianna Aaron, fundadora da revista OPOPO, tem uma linha de camisetas com a mensagem 黑是美, seguida de sua tradução para o inglês, “Black is beautiful” (Negro é lindo). Elas simbolizam o desejo dos chineses e africanos de se conectarem, com base em nossos valores compartilhados.

Para mim, o Fórum é uma oportunidade para apresentar a cultura chinesa aos africanos, e a cultura africana aos chineses.

Como se sente ao trocar ideias com jovens de outros países?

IÉ uma experiência muito enriquecedora. Por exemplo, eu tive o prazer de conhecer um escritor sul-africano que vive em Xangai, Kitso Rantao. Algumas vezes, o IYF lhe apresenta pessoas que vivem a apenas algumas horas de distância, mas que você nunca conheceria de outra forma.

O Fórum também permite que você conheça jovens que vivem do outro lado do mundo. Durante uma das sessões, Kristeena Monteith, uma jovem líder para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nos apresentou a série de plataforma multimídia, Talk Up Yout, produzida e dirigida por jovens na Jamaica. Entre os temas abordados, estava a proteção do patrimônio ao longo das Rotas da Seda sob a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O sucesso de Talk up Yout na Jamaica mostra que, para alcançar os ODS e qualquer objetivo compartilhado, é crucial envolver os jovens em cada etapa do processo.

Este ano, você fez uma apresentação como cofundadora da Black Livity China. Pode nos contar mais sobre essa plataforma de mídia?

Black Livity China é um projeto de paixão que nasceu de várias discussões entre mulheres africanas que estudavam na Beijing University no ano passado. Ela foi cofundada por mim e por Runako Celina Bernard Stevenson (jamaicana-granadina). Quando demos início à plataforma, Runako estava matriculada em um mestrado em língua chinesa do programa de relações internacionais na Beijing University. Ela agora trabalha na embaixada britânica em Beijing (Pequim).

Fomos inspiradas pelo acadêmico guianense Walter Rodney, que nos lembra que a comunicação aberta entre as comunidades negras em todo o mundo é crucial para a visão pan-africana. E que não devemos nos permitir ser limitados por fronteiras e limites geográficos. Decidimos que essa era uma lição que poderíamos tomar e aplicar na China e, em uma escala mais ampla, em todo o mundo.

A Black Livity China foi criada com a crença de que nossas comunidades e nós mesmos devemos assumir as responsabilidades que Rodney atribui aos pan-africanos: “Definir nossa própria situação [...] para apresentar essa definição às outras partes do mundo negro [...] e ajudar outros em uma parte diferente do mundo negro a refletir sobre suas próprias experiências específicas”.

A Black Livity China é uma plataforma de mídia que visa a apresentar assuntos relacionados às vidas, ao bem-estar e às experiências dos negros, seja na China ou em relação à China e seu povo, para o benefício da comunidade mundial. Utilizamos o apelo universal das artes midiáticas para alcançar nossos objetivos.

Durante o Fórum de 2018, você escreveu uma carta ao presidente da China, Xi Jinping, e recebeu uma resposta muito positiva que foi dirigida aos jovens participantes. Você disse que nunca sonhou em receber uma resposta. Que impacto ela teve no seu trabalho e em seus estudos?

Verdade seja dita: eu ainda estou assimilando essa resposta. A mensagem da carta nasceu das experiências dos jovens delegados no IYF. Tenho certeza de que isso foi o que mais ressoou com o presidente Xi, e sua resposta reflete o respeito que ele tem pelo IYF, pela UNESCO, por Changsha e Nanquim. Apenas tive a sorte de ter sido a mensageira.

A publicidade que acompanhou a história me deu a chance de defender com mais efetividade a cooperação mutuamente vantajosa entre a China e o continente africano. Diversas plataformas de mídia abordaram o tema e, ao fazê-lo, me deram a oportunidade de expressar minhas opiniões sobre as relações internacionais.

Com este artigo, O Correio da UNESCO marca a celebração do Dia Internacional da Juventude, 12 de agosto.

Hannah Getachew

Hannah Getachew (Etiópia) é a primeira editora-chefe do Grupo de Reflexão China-África da Beijing University, e ex-secretária-geral da Associação de Estudantes Africanos da mesma universidade. Ela tem mestrado em tradução.