Ensinar sobre mudança climática e questões de desenvolvimento sustentável é uma necessidade. Na América Latina, há alguns experimentos promissores sendo realizados que merecem ser replicados, tanto na região quanto em outros continentes. Há alguns aspectos, no entanto, que estão sendo negligenciados.
Laura Ortiz-Hernández
Nos últimos anos, a crise ambiental e a mudança climática destacaram a necessidade de transformar nossos modos de pensar e de agir. A Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD) é, portanto, um fator essencial na busca por métodos alternativos para construir um tipo diferente de sociedade que seja justa, participativa e aberta à diversidade.
Na América Latina e no Caribe (ALC), a EDS avançou por meio da aplicação de diferentes estratégias, adaptadas às condições de cada país. No México, por exemplo, a EDS está sendo implementada em todos os níveis do sistema escolar: jogos educacionais na educação pré-escolar, atividades e programas de biodiversidade na educação primária ou básica, e a integração de estudos de proteção ambiental nos currículos do ensino secundário. Em países como Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala e Peru, estratégias ad hoc de EDS estão sendo desenvolvidas para cumprir com os regulamentos estabelecidos, como publicações de livros, criação de programas de televisão e de rádio, visitas a áreas naturais protegidas, e treinamento de professores nestas questões.
Além do sistema formal, as organizações da sociedade civil também estão trabalhando para transmitir conhecimento sobre diferentes questões ambientais e para apoiar o trabalho dos professores nas escolas.
De acordo com o Projeto RISU (2015), que define os indicadores para a avaliação de políticas de sustentabilidade em universidades latino-americanas, 70% destas instituições têm autoridade universitária para aplicar medidas ambientais; 86% se envolvem em atividades extracurriculares de comunicação e conscientização sobre questões ambientais e de sustentabilidade, e 46% conduzem pesquisas nessas duas áreas.
O relatório também revela que 46% das universidades têm um plano de sustentabilidade energética, e 35% conduzem atividades de conscientização sobre conservação de energia. Por fim, 33% dessas universidades monitoram a qualidade da água destinada ao consumo humano, e 61,5% têm uma unidade para lidar com a gestão de resíduos perigosos. Metade das universidades possui um sistema de informação e monitoramento de resíduos sólidos, classificando-os por tipo e quantidade.
Estes números são bastante animadores. Contudo, deve ser observado que, no setor de educação, a ênfase tem sido principalmente em aspectos ambientais. Os aspectos sociais que complementam os esforços que estão sendo feitos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais os 193 Países Membros das Nações Unidas têm o dever de alcançar até 2030, ainda não foram incluídos. Esta é a próxima etapa que deverá ser realizada
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