Construir a paz nas mentes dos homens e das mulheres

Editorial

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Cambria 20217, óleo sobre tela do artista japonês Yukio Imamura, que, desde 2001, faz parte da coleção de obras de arte da UNESCO.

Mais igualitário? Mais respeitoso em relação ao planeta? Dominado por novas tecnologias? O mundo que emerge da crise de saúde carregará as cicatrizes desta experiência coletiva sem precedentes – o confinamento quase universal imposto para conter a pandemia da COVID-19. Porém, esse mundo será realmente diferente? Se for, de que maneira? Muito já foi dito sobre o assunto. Durante meses, especialistas de todo o mundo têm se mantido na mídia, oferecendo uma miríade de opiniões. O que eles têm em comum, no geral, é que são homens. 

Como enfermeiras, cuidadoras ou professoras, as mulheres têm estado na linha de frente da luta contra a pandemia. Elas foram duramente atingidas pelas crises social e econômica, enfrentaram a violência doméstica, ampliada pelos confinamentos – e, ainda assim, suas perspectivas não foram ouvidas o suficiente. 

Neste número, O Correio da UNESCO dá voz às mulheres. Cientistas políticas, jornalistas, sociólogas, pesquisadoras, escritoras e professoras traçaram os contornos da era pós-pandemia – seja o futuro dos museus, as mudanças nas escolas, o aumento da desinformação ou os desafios da pesquisa científica. 

Todos estes são temas que têm ressonância no cerne do mandato da UNESCO, e em torno dos quais a Organização tem trabalhado durante a crise – oferecendo dados mundiais sobre a situação das escolas, defendendo a ciência aberta, divulgando conteúdos para combater a desinformação e apoiando os sistemas educacionais e as indústrias culturais.    

Este número mostra uma imagem preocupante do nosso tempo – destaca as fissuras expostas pela crise de saúde e mostra a magnitude dos desafios futuros. Também destaca o potencial para a cooperação científica, cultural e educacional que este evento sem precedentes revelou. Se as reflexões, o desejo de mudança e os movimentos de assistência mútua que surgiram não tiverem curta duração, o mundo pode realmente se tornar mais unido, mais sustentável e mais igualitário. 

                                                                                                         Agnès Bardon