
Editorial
Ser jovem pode ser emocionante e divertido, mas é sempre desafiador. Concluir os estudos, encontrar um emprego, buscar um lugar para morar – em suma, dar os primeiros passos do resto de sua vida. Se não era fácil antes da pandemia da COVID-19, é ainda mais difícil agora. Além de todas as incertezas, a crise de saúde afetou a vida social dos jovens e os impediu de desenvolver suas redes de amigos e de apoio, que são vitais para o seu bem-estar..
O impacto foi sentido em muitos âmbitos. Um deles é a interrupção em suas trajetórias de aprendizagem. Quase três quartos das crianças e dos adolescentes de 8 a 19 anos que estudavam antes da pandemia sofreram com o fechamento das escolas – devido às lacunas no ensino online e à distância, cerca de 13% deles não tiveram qualquer tipo de acesso aos cursos, aos professores ou à aprendizagem. Nós testemunhamos cortes no financiamento educacional e, assim, essas lacunas permanecerão por muitos anos.
Além educação, o emprego também sofreu, com 8,7% dos jovens trabalhadores abandonando o mercado de trabalho.
Tudo isso também teve um impacto profundo na saúde mental dos jovens. Os números relativos aos Estados Unidos mostram que quase dois terços dos jovens adultos apresentam sintomas de problemas psicológicos – sendo que 25% relataram o aumento do uso de remédios para lidar com o estresse da pandemia, e 25% afirmaram ter considerado o suicídio.
Apesar do quadro sombrio, eu tenho esperança de que os jovens terão a resiliência e a visão para sair mais fortes desta crise. Atualmente, como no passado, os jovens estão dispostos a lutar para mudar as coisas. Eles não aceitam o aumento das desigualdades de renda e de oportunidades. Estão na vanguarda das campanhas ambientais. Promovem a solidariedade e o apoio aos mais vulneráveis. Estão dispostos a arriscar tudo para defender a democracia. Por fim, eles são a força por trás de muitos movimentos sociais.
Todos os dias aqui na UNESCO, eu observo em primeira mão onde o entusiasmo e a inteligência dos jovens têm ajudado a encontrar soluções – não apenas para eles próprios, mas, como em outras campanhas, para todos nós.
À medida que começamos a reparar os danos causados pela pandemia e pelas políticas que a agravaram, vamos nos envolver com a juventude e para a juventude, a fim de construir um mundo melhor para todos nós nos próximos anos.
Gabriela Ramos
Diretora-geral adjunta de Ciências Humanas e Sociais, UNESCO