
Titicaca: o lago sagrado revela seus segredos
Fotos: Teddy Seguin / Université Libre de Bruxelles
Texto: Katerina Markelova, UNESCO
Por quase cinco séculos, ela esteve depositada a uma profundidade de seis metros. No entanto, a caixa de oferendas inca, feita de pedra, encontrada no Lago Titicaca, em 2014, emergiu quase intacta da água. Dentro da caixa havia uma estatueta em miniatura de uma lhama e uma folha cilíndrica feita de ouro enrolada – sinais de religiosidade e poder no Império Inca.
Localizado na Cordilheira dos Andes, entre a Bolívia e o Peru, a uma altitude de 3.810 metros, o Lago Titicaca ocupou um lugar central na mitologia de dois poderosos Estados pré-colombianos – a civilização Tiauanaco, que atingiu seu auge entre 600 d.C. e 1050 d.C., e o Império Inca, que atingiu seu auge nos séculos XV e XVI.
Desde 2012, o lago tem sido o foco de escavações arqueológicas subaquáticas empreendidas pela Universidade Livre de Bruxelas (ULB) e por uma equipe internacional de mergulhadores arqueológicos liderados por Christophe Delaere.
Realizadas com o apoio das autoridades bolivianas e em colaboração com os habitantes locais, as operações levaram à descoberta de 25 novos locais submersos – incluindo santuários para oferendas, habitações antigas e o mais antigo porto pré-colombiano conhecido. Mais de 20 mil objetos foram catalogados e estudados.
Com o objetivo de proporcionar o acesso a esse patrimônio excepcional, o projeto Titicaca prevê a construção do Museo Subacuático Titicaca, um museu semi-subaquático, com a expertise da UNESCO.
Vestígios arqueológicos subaquáticos são um testemunho insubstituível da história da humanidade. No entanto, grande parte desse patrimônio está exposto a saques e pilhagens.
A Convenção da UNESCO para a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático, aprovada em 2001, oferece um marco jurídico para a preservação de vestígios que se encontram abaixo d’água há mais de 100 anos.
Esta fotorreportagem é publicada para marcar o 20º aniversário da Convenção da UNESCO para a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático, aprovada em 2 de novembro de 2001.
Mergulho na Baía de Sampaya, às margens do Lago Titicaca.
Pesquisas subaquáticas no sítio de K’anaskia, da comunidade Tirasca, com o barco de escavação ao fundo.
Christophe Delaere, que chefia as escavações subaquáticas da Universidade Livre de Bruxelas no Lago Titicaca, conversa com Carmelo Quispe Limachi, um líder da comunidade Tirasca, 2017.
Líderes da comunidade Ojjelaya visitam o sítio arqueológico em Sanka Putu.
Entrega oficial de objetos arqueológicos aos membros da comunidade Yampupata, dois anos após terem sido descobertos, em 2016.
Oferendas Tiwanaku, descobertas em 2013 debaixo d’água no sítio do Recife K’hoa, perto da Ilha do Sol, na Bolívia.
Leia mais:
Os segredos de Tiauanaco, revelados por um drone, O Correio da UNESCO, jul./set. 2018.
Um Palácio de Cristal abriga um naufrágio, O Correio da UNESCO, out./dez. 2017.
The deep dive syndrome, The UNESCO Courier, Jan. 2009.
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