
Editorial por Irina Bokova
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Por Irina Bokova
Cada nova mídia que surge desencadeia uma revolução – imprensa, rádio, televisão, internet, todas mudaram a face das sociedades, os meios pelos quais obtemos informação, como vivemos e nos organizamos.
Cada vez que surge uma nova mídia, surgem também vozes que afirmam que a nova mídia vai matar aquela que a precedeu – que o rádio vai matar a imprensa, que a televisão vai matar o rádio, que a mídia digital vai matar todas as outras. No entanto, a paisagem midiática atual também destaca exemplos de interação, complementaridade e concorrência entre os vários meios de comunicação e informação, que amplificam e respondem uns aos outros.
Nós nunca nos comunicamos tanto, e nunca em uma escala tão grande. As novas tecnologias abriram novos caminhos, possibilitando que cidadãos em todo o mundo obtenham acesso a fontes de informação mais diversas e mais numerosas, e que tenham um novo papel na produção dessa informação – tornando-se eles mesmos produtores de conteúdo. Essas novas mídias também estão criando novas barreiras e novos desafios em termos de regulamentação e ética.
De onde vem a informação? Como ela é criada? Quem garante sua qualidade? Como distinguimos entre o verdadeiro e o falso nessa teia, tecida com bilhões de pedaços de informação vindos de todas as partes? No incrível emaranhado das mídias, os papéis tradicionais de produtor, difusor e consumidor sofreram mudanças. A produção de notícias falsas e o risco de confinar o público em “bolhas de informação” geradas por algoritmos levantam novos questionamentos sobre liberdade de expressão e diversidade cultural.
Ao longo da última década, mais de 800 jornalistas foram vítimas de crimes que tiveram como objetivo restringir a liberdade de expressão. Apenas um assassinato em cada dez resultou em condenação. Essa impunidade é inaceitável e alimenta ainda mais a espiral de violência no futuro. É por isso que a UNESCO está comprometida em dar um fim a esses crimes contra a imprensa, em todos os continentes, como uma condição indispensável para sociedades pacíficas que se tornam ainda mais fortes por serem mais bem informadas.
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